Prosseguindo na retificação de
informações equivocadas sobre a Pedra da Gávea, que iniciei no Artigo anterior,
vou falar do nosso Imperador Sr. Dom Pedro II.
Corre por aí uma versão
escalafobética sobre o interesse de D. Pedro II. Vejamos os absurdos da
informação:
- Que em 1889, “técnicos” do Instituto
Histórico e Geográfico concluíram que as inscrições e o rosto aparentemente
esculturado na Pedra seriam obra da erosão. Tudo errado! Em 1839, o Instituto Histórico e Geográfico
Brasileiro enviou uma Comissão à Pedra da Gávea para examinar as Inscrições
Fenícias, e apenas as Inscrições, e o Relatório oficialmente não se inclina nem pela feitura fenícia, nem pela da
natureza. Tudo isso está perfeitamente narrado no meu Livro “Pedra da Gávea:Vi, estudei e escrevi”, onde, inclusive, reproduzo na íntegra o Relatório do
IHGB.
- Que D. Pedro II se interessava vivamente
pela Pedra da Gávea, graças às pesquisas de um entusiasta, que até presenteara o
Imperador com uma Foto do Rosto da Gávea, que lembrava o nosso monarca. Como
este acabara de voltar do Egito e acreditava que por todo o Brasil haviam vestígios de antigas Civilizações e de Inscrições Fenícias, o Imperador
resolveu mandar Professores a Europa para estudar e aperfeiçoar-se em tais
estudos, mas, decepção, quando voltavam, os tais sábios negavam tais vestígios
e inscrições... Isto aí é um resumo do bestialógico. Vamos aos fatos.
Que se saiba, apesar de profundamente
culto, nosso saudoso Imperador jamais revelou qualquer interesse pela Pedra da
Gávea. Quem é o tal entusiasta, que até uma Foto tirou? O Autor desse conto,
não diz e a tal Foto é inexistente. Acabara de voltar do Egito, mas, de qual
das duas viagens – 1871 e 1876 – feitas por Pedro II ele se refere? O contista
anônimo também não informa, porque simplesmente está fantasiando. De fato, o
Imperador mantinha na Europa, do próprio bolso, um cem número de bolsistas, nas
mais variadas áreas de estudo, e não unicamente com vistas à Pedra da Gávea e as Antiguidades Pátrias. E
ao contrário do que preconceituosamente afirma, os eruditos Brasileiros de
então, estavam sim bastante inclinados a acreditar na possibilidade de que os
Povos da Antiguidade Clássica tivessem chegado ao Brasil. Examinem a coleção da
Revista Trimestral do IHGB, os Anais do Museu Nacional, etc., e comprovarão o
que digo.
Então, D. Pedro II não teve qualquer
interesse pela Gávea? Não, não teve. Sua relação com a Pedra é meramente
acidental, isto é, tendo na maturidade passado a usar uma longa barba, o nosso
Povo prontamente constatou a semelhança com a Face da Pedra, que daí em diante
ficou conhecida como Cabeça do Imperador. Em 1839, quando a Comissão do
Instituto esteve na Pedra, tal semelhança não existia, pois Pedro II era um
rapaz ainda imberbe, que só assumiria o Trono no ano seguinte (1840), com 15
anos incompletos.
Aproveito e acrescento que D. Pedro I
igualmente nunca teve o menor interesse pela Pedra da Gávea, ao contrário do
que tem sido afirmado em “sites” e blogs.
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