A Pedra da Gávea

A Pedra da Gávea

terça-feira, 29 de setembro de 2015

A Pedra da Gávea e Dom Pedro II


Prosseguindo na retificação de informações equivocadas sobre a Pedra da Gávea, que iniciei no Artigo anterior, vou falar do nosso Imperador Sr. Dom Pedro II.

Corre por aí uma versão escalafobética sobre o interesse de D. Pedro II. Vejamos os absurdos da informação:

- Que em 1889, “técnicos” do Instituto Histórico e Geográfico concluíram que as inscrições e o rosto aparentemente esculturado na Pedra seriam obra da erosão. Tudo errado! Em 1839, o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro enviou uma Comissão à Pedra da Gávea para examinar as Inscrições Fenícias, e apenas as Inscrições, e o Relatório oficialmente não se inclina nem pela feitura fenícia, nem pela da natureza. Tudo isso está perfeitamente narrado no meu Livro “Pedra da Gávea:Vi, estudei e escrevi”, onde, inclusive, reproduzo na íntegra o Relatório do IHGB.

- Que D. Pedro II se interessava vivamente pela Pedra da Gávea, graças às pesquisas de um entusiasta, que até presenteara o Imperador com uma Foto do Rosto da Gávea, que lembrava o nosso monarca. Como este acabara de voltar do Egito e acreditava que por todo o Brasil haviam vestígios de antigas Civilizações e de Inscrições Fenícias, o Imperador resolveu mandar Professores a Europa para estudar e aperfeiçoar-se em tais estudos, mas, decepção, quando voltavam, os tais sábios negavam tais vestígios e inscrições... Isto aí é um resumo do bestialógico. Vamos aos fatos.
Que se saiba, apesar de profundamente culto, nosso saudoso Imperador jamais revelou qualquer interesse pela Pedra da Gávea. Quem é o tal entusiasta, que até uma Foto tirou? O Autor desse conto, não diz e a tal Foto é inexistente. Acabara de voltar do Egito, mas, de qual das duas viagens – 1871 e 1876 – feitas por Pedro II ele se refere? O contista anônimo também não informa, porque simplesmente está fantasiando. De fato, o Imperador mantinha na Europa, do próprio bolso, um cem número de bolsistas, nas mais variadas áreas de estudo, e não unicamente com vistas à Pedra da Gávea e as Antiguidades Pátrias. E ao contrário do que preconceituosamente afirma, os eruditos Brasileiros de então, estavam sim bastante inclinados a acreditar na possibilidade de que os Povos da Antiguidade Clássica tivessem chegado ao Brasil. Examinem a coleção da Revista Trimestral do IHGB, os Anais do Museu Nacional, etc., e comprovarão o que digo.

Então, D. Pedro II não teve qualquer interesse pela Gávea? Não, não teve. Sua relação com a Pedra é meramente acidental, isto é, tendo na maturidade passado a usar uma longa barba, o nosso Povo prontamente constatou a semelhança com a Face da Pedra, que daí em diante ficou conhecida como Cabeça do Imperador. Em 1839, quando a Comissão do Instituto esteve na Pedra, tal semelhança não existia, pois Pedro II era um rapaz ainda imberbe, que só assumiria o Trono no ano seguinte (1840), com 15 anos incompletos.


Aproveito e acrescento que D. Pedro I igualmente nunca teve o menor interesse pela Pedra da Gávea, ao contrário do que tem sido afirmado em “sites” e blogs.

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